26/01/2007

A Igreja é intolerante?

Não sou religioso, não acredito em nenhum Deus nem creio em nenhuma religião. Contudo, há algo que me fascina em todas: a fé. Tenho um profundo respeito, admiração até, pelo que as pessoas fazem por terem fé (no fundo fé em si mesmas).
Fala-se muito da posição da Igreja Católica, e assume-se à priori que é contra por motivos aberrantes e por isso apela ao Não. Estou seguro que muitos ficarão supresos com o pensamento de D. José Policarpo, representante máximo da Igreja em Portugal.
foto tirada do Expresso

O Bispo de Viseu, D.Ilídio Leandro, disse esta semana que a pergunta do referendo "engloba três realidades autónomas e independentes, mas depois, por má fé, os movimentos pelos ‘sim’ apenas carregam numa tónica, que é a despenalização da mulher. Se fosse só isso que estivesse em causa, votava ‘sim’, reafirma." Está em causa também o aborto livre até às 10 semanas, e a opção ser "da mulher" sem informar o companheiro em circunstância alguma, ou os pais se for menor de idade.

Para o Bispo de Viseu, a mulher “é a vítima de toda a situação do aborto”, porque fica “sozinha e abandonada numa sociedade que apenas lhe aponta o dedo”. Defende por isso a despenalização, que consta da pergunta, mas não a liberalização, que consta da lei que o Sim aprova, e que é escondida dos votantes pelos movimentos do Sim.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ao contrário de ti, eu sou uma pessoa religiosa e acredito em Deus,
assim como sou professa da Igreja Católica.

Tu dizes que te fascinas com a fé dos crentes e que tens um profundo
respeito, admiração pelo que as pessoas fazem por terem fé (no fundo
fé em si mesmas).

Eu, devo dizer, que admiro (mas admiro mesmo!) o "não" dos não-crentes
ao contrário do "sim" de tantos Católicos. O "sim" deles, muitas
vezes, parece-me como a frase de Gandhi, uma maneira de não arranjar
muitas complicações...

Poderás não concordar com o que te vou dizer, ainda assim queria
dizer-te que não comungo das tuas últimas palavras [«Tenho um profundo
respeito, admiração até, pelo que as pessoas fazem por terem fé (no
fundo fé em si mesmas.»]. Porquê? Um Católico que é contra o aborto,
no caso do referendo, o aborto livre, não deve ser contra o aborto,
porque a Igreja diz, mas porque esse acto é um acto desumano, contra a
Ética mais elementar, o direito à Vida de qualquer ser humano,
inclusive, daquele que está em crescimento, daquele que é vida
intra-uterina, e que se deixarem crescer, há-de uma "pessoa" (muito se
debate acerca deste conceito...). Por isso, é que o aborto não é, nem
nunca deve ser visto como uma questão religiosa (o que não quer dizer
que as Igrejas, das mais diversas confissões religiosas, se pronunciem
acerca dele). Por isso, é que o "não" de um Católico pode ser o mesmo
que um "não" de um não-crente, e não só por fé.

À questão "A Igreja é intolerante?" tenho a dizer-te que sim, em
muitos casos... um deles a ordenação de mulheres... mas isso já é
outra história...

Também gostei do pensamento de D. José Policarpo no teu link, que não
conhecia. Há uma outra carta sobre o mesmo assunto em
http://www.nao-obrigada.org/artigododia.html para o caso de quereres
ver. Hoje, no "Público", julgo eu, sai um outro artigo. Veremos o que
tem a dizer...

Um abraço,
Liliana Verde

contradicoes disse...

Venho agradecer-lhe o comentário e informá-lo de que não coloco como refere todos os defensores do Não no mesmo saco, até porque tenho amigos que defendem essa posição que respeito. A referência aos argumentos hilariantes citados no meu post visou apenas e só aqueles que li em diversos blogs.

Anónimo disse...

Cambada de hipócritas e fanáticos, intolerantes, reacionarios, nem vale a pena gastar tempo a explicar o que está em causa, "cego não é aquele que não vê, mas sim o que nãol quer ver"